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Envelhecer com HIV: o que a ciência mostra?

Com os avanços do tratamento antirretroviral, pessoas vivendo com HIV hoje podem ter expectativa de vida semelhante à da população geral. Isso é uma conquista histórica. Mas o envelhecimento nesse grupo traz alguns desafios extras, que pesquisadores do mundo todo vêm estudando.

1. Envelhecimento e saúde do sistema imunológico

O HIV, mesmo controlado com tratamento, pode causar um processo chamado inflamação crônica de baixo grau. É como se o corpo ficasse sempre “em alerta”, o que acelera o envelhecimento do sistema imunológico — um fenômeno conhecido como imunossenescência.

Isso pode aumentar o risco de doenças que costumam aparecer mais tarde na vida, como problemas cardiovasculares, osteoporose e declínio cognitivo.

2. Mais chances de doenças crônicas

As pesquisas mostram que pessoas com HIV têm maior probabilidade de desenvolver hipertensão, diabetes, doenças do coração, doenças renais e alguns tipos de câncer. Nem sempre isso acontece por causa do vírus diretamente — entram em jogo também os efeitos colaterais de medicamentos usados no passado e a inflamação contínua.

3. Questões ósseas e musculares

Um tema frequente é a perda de massa óssea e muscular. Pessoas vivendo com HIV podem apresentar osteoporose e sarcopenia (perda de força e músculo) em idades mais precoces que a população geral. Isso aumenta o risco de quedas e fraturas, impactando a qualidade de vida.

4. Saúde mental e cognição

Além dos aspectos físicos, existe também a preocupação com saúde mental e funções cognitivas. Alguns estudos apontam maior prevalência de depressão, ansiedade e declínio de memória. O estigma e a discriminação ainda são fatores que pesam no bem-estar emocional de quem envelhece com HIV.

5. O papel do cuidado integrado

A melhor estratégia é oferecer um cuidado multidisciplinar. Isso significa que, além do infectologista, é importante envolver cardiologistas, endocrinologistas, geriatras, psicólogos, nutricionistas e profissionais de educação física. O foco não deve ser apenas controlar o vírus, mas também promover saúde global e envelhecimento ativo.

O que isso significa na prática?

  • Seguir o tratamento continua sendo fundamental para manter o HIV sob controle.
  • Prevenir e monitorar doenças crônicas: exames regulares ajudam a detectar cedo alterações no coração, ossos, rins e metabolismo.
  • Cuidar da mente: atenção ao bem-estar emocional, apoio psicológico e combate ao estigma são essenciais.
  • Estilo de vida saudável: alimentação equilibrada, atividade física e evitar tabaco e excesso de álcool são medidas que fazem grande diferença.

Em resumo: hoje, pessoas vivendo com HIV podem envelhecer bem. Mas isso exige olhar além da carga viral indetectável, reconhecendo e prevenindo os riscos adicionais que acompanham o processo de envelhecimento nessa população.

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